O setor da construção civil é responsável pela geração de uma grande quantidade de resíduos da construção e demolição, também chamados de RCDs. Esse tipo de resíduo provoca um grande impacto ao meio ambiente e a sociedade quando não é destinado de forma correta. Considerando que a disposição de resíduos da construção civil em locais inadequados contribui para a degradação da qualidade ambiental, o setor da construção civil é de grande importância para alcançar a sustentabilidade. Neste artigo compreenderemos melhor como construir valores de sustentabilidade com os resíduos da construção civil!
O desafio de solucionar a questão da geração de resíduos pela construção civil esteve desde o início da formulação do conceito de Desenvolvimento Sustentável. Essa formulação ocorreu na década de 80, no Relatório Brundtland: No Futuro Comum.
Um estudo promovido pelo International Council for Research and Innovation in Building and Construction (CIB), que gerou a “Agenda 21 para a Construção Sustentável”, indica a indústria da construção civil como um setor de grande importância para alcançar a sustentabilidade.
Levando em consideração que todas as atividades econômicas modernas dependem direta ou indiretamente do setor da construção civil, a correta destinação dos resíduos da construção civil é uma questão estratégica.
Veja abaixo o que abordaremos neste artigo:
- o que são resíduos da construção civil
- os impactos negativos dos resíduos da construção civil
- responsabilidade pela destinação dos resíduos da construção civil
- soluções Inteligentes para os resíduos da construção civil
- ferramentas tecnológicas a serviço da gestão de resíduos da construção civil
O que são resíduos da construção civil?
Conforme resolução da CONAMA 307/2002 resíduos da construção civil são definidos como: “os provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, e os resultantes da preparação e da escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica etc., comumente chamados de entulhos de obras, caliça ou metralha."
A resolução divide os resíduos em quatro classes. São elas:
Classe A: resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados
resíduos de pavimentação e de outras obras de infraestrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem; resíduos de componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e concreto; resíduos de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto (blocos, tubos, meio fio etc.) produzidas nos canteiros de obras.
Classe B: resíduos recicláveis para outras destinações
plásticos, papel, papelão, metais, vidros, madeiras e gesso.
**Classe C: resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem ou recuperação. **
**Classe D: resíduos perigosos oriundos do processo de construção **
tintas, solventes, óleos e outros ou aqueles contaminados ou prejudiciais à saúde oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e outros, bem como telhas e demais objetos e materiais que contenham amianto ou outros produtos nocivos à saúde.
Os Impactos Negativos dos Resíduos da Construção Civil
Os impactos negativos da construção civil vão desde o consumo dos recursos naturais e modificação da paisagem, até a geração de resíduos. Esses impactos comprometem não só o equilíbrio do meio ambiente, mas também os princípios sanitários das cidades.
Nos impactos causados pelo consumo de recursos naturais, estima-se que a cadeia de ações da construção civil seja responsável pelo consumo de cerca de 50% (cinquenta por cento) de todos os recursos naturais disponíveis, renováveis e não renováveis.
Quanto à modificação da paisagem, a extração dos recursos naturais altera o ambiente devido a sua exploração e transporte.
Por isso, pode-se dizer que as modificações do ambiente impactado pela construção vão além das modificações do canteiro de obras. Elas estão presentes no local de extração de cada um dos recursos demandados e ambientes onde os resíduos são depositados de maneira direta (terrenos onde a empresa de construção deposita os entulhos) ou indireta (assoreamento causado pelos resíduos sólidos que são levados de maneira não proposital).
Com relação à geração de resíduos, no Brasil, os resíduos da construção civil são responsáveis por mais da metade do volume de resíduos sólidos gerados em meio urbano.
Nota-se que esse grande volume deve-se ao fato de que praticamente todas as atividades desenvolvidas no setor são geradoras de entulho.
No Brasil, em análise sobre as características de“cidades sustentáveis”, o setor da construção civil foi indicada como um dos setores que mais precisa de aperfeiçoamento e gerenciamento.
Se por um lado o setor da Construção Civil tem como desvantagem produzir resíduos em quase todos os seus processos; por outro, tem como vantagem a capacidade de absorver quase que totalmente os resíduos que produz.
Apesar dos resíduos de construção e demolição (RCD) brasileiros não representarem grandes riscos ambientais - em razão de suas características químicas e minerais serem semelhantes os agregados naturais e solos -, os RCD podem conter óleos de maquinários, pinturas e asbestos de telhas de cimento amianto. Esses agregados tornam os resíduos da construção civil prejudiciais à saúde humana e ao equilíbrio dos ecossistemas.
Os principais impactos sanitários e ambientais relacionados aos resíduos de construção civil e demolição (RCD) são aqueles associados às deposições dos entulhos, que comprometendo o tráfego, a drenagem urbana e favorecer a multiplicação de vetores patogênicos: ratos, baratas, moscas, vermes, bactérias, fungos e vírus.
Os impactos dos resíduos da construção civil é um problema de todos e como tal, deve ser solucionado de forma cooperativa. Quando o poder público tomava iniciativas de forma isoladas, com medidas paliativas de transporte e disposição final dos resíduos, ele acabava por contribuir com continuidade do problema em vez de solucioná-lo. Isso se devia ao fato de que ele não conseguia alcançar a totalidade dos resíduos e alguns geradores de resíduos na construção civil eram incentivados a continuar com a destinação inadequada.
Responsabilidade pela destinação dos resíduos da construção civil
A responsabilização dos processos e destinação dos resíduos em local apropriado é dos geradores de resíduos da construção civil:
“Considerando que os geradores de resíduos da construção civil devem ser responsáveis pelos resíduos das atividades de construção, reforma, reparos e demolições de estruturas e estradas, bem como por aqueles resultantes da remoção de vegetação e escavação de solos”
O disposto na resolução 307/2002 visa diminuir esse ciclo vicioso de poluição pela responsabilização do gerados com os resíduos produzidos em todos os processos da construção civil.
Soluções Inteligentes para os resíduos da construção civil
Assim como os prejuízos causados pelos impactos dos resíduos sobre a economia, saúde e ambiente é uma questão em que todos são prejudicados, a sociedade como um todo é beneficiada pelos impactos positivos relacionados à gestão eficiente de resíduos da construção civil.
Uma das formas é o controle da superprodução, ou seja, o desperdício. É possível diminuir os custos da obra e todos os impactos relacionados à produção de resíduos.
É possível afirmar que o desperdício de materiais e o descarte de resíduos gera custos tanto para a empresa como para sociedade em geral. Isso porque, o material desperdiçado gera gastos pra empresa, que repassa parte do prejuízo para o consumidor final. Além disso, o poder público também tem gastos para recolher, tratar e descartar o entulho.
Estima-se que seja 40% (quarenta por cento) mais barato reciclar ou reutilizados materiais da construção civil, do que descartar os resíduos nos locais apropriados. Além da questão econômica, essa prática garante que uma quantidade menor de matéria prima seja extraída, diminuindo todos os impactos ambientais indiretos que isso implica.
No entanto, “Brasil pode reciclar 98% dos resíduos da construção civil, mas só consegue dar conta de 21%”.
O reaproveitamento dos resíduos também contribui para que sejam diminuídos os riscos com assoreamentos dos rios, contaminação de mananciais e o acúmulo de entulhos; relacionados a proliferação de vetores de várias doenças.
Entre as formas de reaproveitamento mais promissoras e baixo custo-benefício temos a produção de pedrisco, britas e areia a partir de entulhos de construção civil, que preservam o ambiente e contribuem para produção de construções de moradias de baixo custo.
O grande desafio que o setor da construção civil tem é, portanto, conciliar a magnitude da produção, com condições que contribuam não apenas para a construção da estrutura da cidade, mas que contribua também para a construção de uma cidade sustentável; pensada e preparada para as gerações futuras.
Ferramentas tecnológicas a serviço da gestão de resíduos da construção civil
Para isso, o software VG Resíduos contempla uma versão própria para o setor da construção civil, que vai desde o cadastramento, classificação, controle de geração, até à destinação/disposição finais.
Com o VG Resíduos, a gestão dos fornecedores passa a contar com o monitoramento antecipado dos prazos para controle de licenças; a automatização dos processos de comunicação; a emissão de alertas para coleta; registro e conferência de comprovantes e todos os tradicionais documentos referentes ao tratamento e disposição/destinação finais exigidos no processo de gerenciamento de resíduos da construção civil.
No caso dos resíduos recicláveis e reutilizáveis as empresas ainda podem aderir ao Mercado de Resíduos para negociá-los, gerando receita e transformando-os em matérias primas para outras empresas.
É a integração da tecnologia e da consciência ambiental no processo gestão de resíduos trazendo inovações que facilitam as tarefas empresariais cotidianas; instituindo mecanismos que favorecem a tomada de decisões estratégicas; e gerando valor para as corporações.
Sendo assim, concluímos que os resíduos da construção civil quando são destinados de forma ambientalmente correta garante a qualidade ambiental e reduz impactos negativos para a sociedade.
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