Peles, ossos, vísceras, sangue e outros resíduos de origem animal podem ter destinação e tratamento corretos, transformando-se em matéria-prima. As sobras originadas em abatedouros, frigoríficos e açougues, quando manejadas corretamente, podem significar renda tanto para geradoras quanto tratadoras.
Reaproveitar os resíduos de origem animal é uma solução ecologicamente correta e necessária para o Brasil. O país é um dos principais produtores e exportadores de rebanhos do mundo, destacando-se não só pela carne bovina, mas também pela suinocultura e avicultura. Como consequência, gera um grande volume de resíduos animais que precisam ser tratados corretamente, pois tem alto potencial poluidor.
Sendo assim, os resíduos de origem animal precisam de destinação correta e tanto melhor quando a opção é a reciclagem. Mas o que é considerado resíduo animal? Como ele é gerado? Quais são as diretrizes para geradoras e tratadoras que lidam com tais resíduos? Quais as leis ambientais influenciam e qual o tratamento mais adequado? No artigo a seguir, você se informa sobre essas questões. Acompanhe!
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Saiba o que são resíduos de origem animal
Gerados em estabelecimentos como abatedouros, frigoríficos e açougues, os resíduos de origem animal são aqueles formados por:
- vísceras de animais (bovinos, suínos, aves e peixes);
- fragmentos cárneos;
- sangue;
- conteúdo intestinal;
- pelos;
- ossos;
- penas;
- gorduras;
- águas residuais.
Todas essas sobras são inviáveis para o consumo humano, por isso, torna-se fundamental sua destinação adequada. Um agravante é que a maioria desses resíduos animais é altamente putrescível e, por isso, deve ser manejada rápida e corretamente.
Entenda o potencial dos resíduos de origem animal
Somente em rebanho bovino, o Brasil possui 215 milhões de cabeças de gado. O número é maior que o da população brasileira, que passou dos 207 milhões de pessoas em 2017, segundo dados do IBGE. Além de gado bovino, os resíduos animais são também originados da suinocultura, avicultura e piscicultura.
O Brasil se destaca como um grande produtor de carne, mas determinadas partes não são consumidas pelo homem. De acordo com a Associação Brasileira de Reciclagem (ABRA) são gerados anualmente 12 milhões de toneladas de resíduos do abate animal. Grande porcentagem desse volume, porém, tem sido reaproveitada, evitando passivos que ameaçam o meio ambiente e a saúde pública.
Esta reportagem destaca que a indústria da reciclagem animal tem movimentado R$7,9 bilhões por ano no Brasil. O processamento dos resíduos de origem animal chega a 12,4 milhões de toneladas. Depois de tratadas, as sobras animais viram matéria-prima para sabonete, detergente, cosméticos, pneus, ração animal, fertilizantes e biodiesel. A reciclagem de resíduos animais gera, ainda, 55 mil empregos.
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Conheça a legislação sobre resíduos animais
Tanto os estabelecimentos que geram os resíduos animais quanto as empresas tratadoras dessas sobras precisam respeitar as diretrizes ambientais.
O credenciamento para a instalação de frigoríficos, matadouros, abatedouros pode ser dado por órgãos legais do município, estado ou federação. É necessário seguir normas sanitárias e a elaborar um Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos para se enquadrarem à legislação ambiental.
As empresas que recebem os resíduos animais e se responsabilizam por seu tratamento também precisam de licenças ambientais para operarem. Esse é o ponto de partida para se estabelecerem no setor e a negligência pode gerar multas e até embargo da empresa.
É fundamental que as tratadoras escolham tecnologias de manejo que neutralizem as características negativas dos resíduos animais. A opção deve sustentável, e os processos de tratamento precisam, se possível, transformar as sobras animais em matéria-prima para novos produtos.
A lei assinala, entre outros pontos, que as tecnologias usadas pelas tratadoras devem ter sua viabilidade técnica e ambiental comprovadas. É necessário, também, um programa de monitoramento de emissão de gases tóxicos aprovado por órgão ambiental.
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Lucre com a reciclagem das sobras animais
Uma das maneiras de transformar os resíduos animais é usar técnicas de reciclagem das sobras. O fundamental da reciclagem é que ela possibilita vida nova aos resíduos, transformando-os em matéria-prima para outros produtos.
No caso das sobras animais, existem tratadoras que trabalham com máquinas de alto desempenho. O objetivo é que carcaças e resíduos animais “cozinhem” a temperaturas elevadas, por tempo determinado. As gorduras e o sebo que originam desse processo são utilizados como matéria-prima nas indústrias de higiene, cosmética, farmacêutica, limpeza e biodiesel.
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Já as proteínas processadas transformam-se em farinhas. Ricas em proteína, cálcio e fósforo, essa farinha é usada na fabricação de rações para aves, peixes e suínos.
Outro produto derivado da reciclagem de sobras animais é o biodiesel. Segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP), 13,9% de todo o biodiesel consumido anualmente no Brasil é produzido a partir de gorduras de origem animal. Ainda segundo o órgão, isso faz do óleo animal a fonte mais econômica entre as opções disponíveis atualmente para a produção desse combustível.
A contratação de uma consultoria é importante para se ter segurança tanto no tratamento quanto no manejo das sobras animais geradas. O grupo Verde Ghaia tem expertise no assunto e pode auxiliar geradoras e tratadoras que lidam com os resíduos animais. Seus consultores podem indicar às empresas como atuar de forma ecologicamente correta, seguindo as diretrizes ambientais.
Como se nota, há um potencial a ser explorado nas sobras que vêm de abatedouros, frigoríficos e açougues. É possível manejar corretamente os resíduos animais, encontrando soluções sustentáveis, que gerem lucro, mas também poupem o meio ambiente e os indivíduos. Dar vida nova a essas sobras não é viável financeiramente como também impede o surgimento de graves passivos ambientais.
Reciclar os resíduos de origem animal tem se mostrado uma prática eficaz e necessária para o Brasil. Possuindo um dos maiores rebanhos do mundo, o país precisa destinar corretamente os resíduos de origem animal inviáveis para o consumo. Peles, ossos, vísceras, sangue e outros resíduos podem ser transformados por empresas que almejam ser lucrativas, mas também ambientalmente responsáveis.
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