Em uma indústria, é comum existir sobras de materiais na produção. Um exemplo são as sobras de fabricação do aço. A questão para muitas empresas é como proceder com esses resíduos.
A descoberta de que essas sobras têm valor econômico e trazem ganhos ambientais mudou o conceito de resíduo para o setor. Muitas empresas estão investindo em processos inovadores de reaproveitamento. Isso é bom para manter um lugar de destaque frente aos concorrentes e perante o consumidor. Além disso, demonstra que a organização tem responsabilidade com o meio ambiente e o ser humano.
Conforme o Relatório de Sustentabilidade do Instituto Aço Brasil, a indústria brasileira do aço produziu 2,1% de toda a produção mundial de aço e, ocupa o 8º lugar no ranking. Cerca de 30% da produção é feita a partir de sucata, demonstrando que tem mercado para o reaproveitamento das sobras de fabricação do aço. Além do reaproveitamento dentro da própria indústria do aço há outras possibilidades de reciclar este resíduo. Vamos saber mais?
Como reaproveitar as sobras de fabricação do aço
A cada tonelada de aço produzida são gerados cerca de 594 quilos de resíduos. Se toda essa sobra de fabricação do aço for destinada somente nos aterros, provavelmente teríamos um sério problema ambiental.
Mas não é isso que ocorre nos últimos tempos. Muitas indústrias substituíram a destinação em aterros industriais ou o aproveitamento dentro dos processos internos, desenvolvendo estratégias para transformar esse passivo ambiental em uma fonte de receitas. Com isso começaram a lucrar mais.
As sobras de fabricação de aço se tornaram matéria-prima para pavimentação de estradas, corretivo de solo, fabricação de cimento, materiais cerâmicos, entre outros. O reaproveitamento desses resíduos trazem muitos benefícios. Entre eles estão: a preservação de recursos naturais não renováveis e a redução de emissões de CO2.
Reciclagem das sobras de aço
O aço é considerado o material mais reciclável do mundo, por permitir as composições e não haver perda de qualidade. Em 2016 foram reciclados 8,3 milhões de toneladas de sucata de aço.
Quando as sobras de fabricação do aço são reprocessadas para serem novamente aplicados nos processos siderúrgicos são chamados de coprodutos. A quantidade de coprodutos e resíduos da fabricação de aço foi estimada em 19,8 milhões de toneladas.
Segue abaixo uma breve descrição das classificações destes resíduos e coprodutos:
Escória de alto forno
Esta sobra é originada na produção do ferro gusa nos altos fornos e produzida normalmente de 600 a 700 kg/t de gusa. Essa sobra esta sendo muito utilizada na indústria cimenteira substituindo o clínquer. Isso possibilita reduzir a emissão de CO2 e recurso natural pelas jazidas de calcário.
Escória de aciaria
Derivada do processo de refino do aço com geração aproximada de 100 a 150kg/t de aço líquido. A escória de aciaria esta sendo reaproveitada principalmente em 32 capas asfálticas de pavimento rodoviário, nivelamento de terreno e contenção de encosta, corretivos e fertilizantes fosfatados para solos e produção de cimento e concreto.
Finos, pós e lamas
Originados da manipulação da matéria prima ou dos sistemas de tratamento de efluentes e no despoeiramento dos conversores. A quantidade varia de 13% a 20% do total de resíduos gerados no grupo de resíduos ricos em ferro — 10% na forma de pós, 50% em finos e 20% em lamas. Essas sobras apresentam uma composição química mais complexa, com a presença de zinco, chumbo e cádmio. Podem ser reaproveitados como coprodutos na sinterização.
Refratários
É estimado que são gerados cerca de 32% de sucata de refratária por vida útil do total de refratários aplicados. Esses materiais são aplicados nos altos fornos ou fornos da aciaria para isolar termicamente o metal líquido.
Carepas
Essa sobra corresponde a 20% dos resíduos contendo ferro. São óxido de ferro da laminação a quente, forjamento, tratamentos térmicos, entre outros. Por conter um teor de ferro em torno de 60% pode ser reaproveitado com coproduto na sinterização.
Sucata Metálica
São refugo do processo, tais como: pontas de lingote, tarugos, placas e chapas. São reaproveitados na aciaria ou podem ser vendidas para outros fins.
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Vantagens em aproveitar os coprodutos
Os coprodutos formados a partir das sobras de fabricação de aço garantem vários benefícios ambientais, dentre eles:
- minimização do consumo de recursos naturais não renováveis da mineração de minério de ferro, areia e outros materiais primários e;
- alteração do passivo na forma de agentes impactantes ao meio ambiente, em ativo ambiental reduzindo a destinação em aterros e obras de infraestrutura.
Conheça alguns cases de sucesso
O setor siderúrgico deixou de tratar as sobras de fabricação do aço como resíduo e passou a considera-los com fonte de renda. E hoje existem várias empresas especializadas em conectar as geradoras dessas sobras com potenciais compradores.
Exemplos de como as indústrias ganham quando destinam essas sobras para vendam ao invés dos aterros temos a Votorantim, Gerdau e ArcelorMittal que lucrou milhões ao se dedicarem as atividades de reuso ou na reciclagem dos coprodutos gerados nas unidades das empresas.
A sobra mais lucrativa para Votorantim é a escória de aciaria, utilizada como base e sub-base de asfalto na área de pavimentação e recuperação de estrada, e na composição do cimento.
A ArcelorMittal desde 2006 tem uma gerência dedicada a coprodutos em sua unidade de Tubarão. A empresa nomeou o coproduto feito de escória de aciaria como Revsol. Este serviu para pavimentar 390 km de estradas no Espírito Santo.
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Apelo Ecológico
As indústrias siderúrgicas buscam o equilíbrio social, ambiental e econômico da organização através do desenvolvimento sustentável. Desta forma consolidam a visão de compromisso ambiental, umas das premissas da ISO 14001, com soluções sustentáveis.
Atualmente muitas empresas tem pensado na destinação de resíduos consoante fins ecologicamente corretos. Podemos citar como exemplo a utilização de agregados de alto forno e aciaria para a fabricação de cimento ou pavimentação de vias. E ainda a reciclagem de pós e lamas coletados nos sistemas de controle de poluição, substituindo a matéria prima e assim reduzindo o consumo de recursos naturais não renováveis.
Sendo assim, para uma indústria que possui sobras de fabricação do aço, torna-se fundamental pensar em uma boa gestão de resíduos. Além disso, com a descoberta de que essas sobras têm valor econômico, muitas empresas estão investindo em processos inovadores de reaproveitamento. O que também demonstra que a organização tem responsabilidade ambiental.
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