Se por um lado o desenvolvimento das cidades e das empresas promove um crescimento saudável da economia de um país, por outro é responsável por uma geração expressiva de lixo, que muitas vezes não é descartado corretamente e pode, no futuro, afetar negativamente a população e o meio ambiente.
Para evitar que isso aconteça, uma das alternativas é o investimento maciço — por parte das organizações, dos governos e das próprias pessoas — em reciclagem, um componente essencial da gestão de resíduos moderna. É exatamente por isso que vamos falar um pouco mais sobre esse assunto e conhecer um pouco mais sobre os melhores resíduos para reciclar. Vamos lá?
Mas afinal, o que é a reciclagem?
Em termos gerais, a reciclagem é o processo de reaproveitamento de materiais descartados de forma a reintroduzi-los no ciclo produtivo. Composta por um conjunto de técnicas diversas, que variam de acordo com o tipo de resíduo a ser recuperado, é uma das maneiras mais vantajosas de se tratar rejeitos sólidos, tanto da perspectiva da natureza quanto do ponto de vista da sociedade. Além disso, podemos listar grandes vantagens desse processo:
- reduz o consumo de matérias-primas;
- poupa energia elétrica e água;
- diminui o volume total de lixo; e
- ainda gera emprego a milhares de pessoas.
A regulamentação das atividades de reciclagem no Brasil começou a ganhar forma em 2010 com a implementação da lei nº 12.305, também conhecida como Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). A PNRS prevê sobretudo a redução da geração de resíduos e propõe a adoção de hábitos de consumo sustentáveis, além de incentivar reutilização de rejeitos quando possível ou o seu descarte adequado quando necessário. Portanto, segue abaixo um breve passo a passo desse processo:
Veja também: as principais perguntas e respostas sobre reciclagem
Primeiro passo: separe o lixo a ser descartado
Todo processo de reciclagem começa com a realização de uma coleta seletiva, isto é, a separação do lixo a ser descartado por tipo de material. Esta primeira etapa é importante, não só para facilitar as seguintes, mas também para baratear e viabilizar o sistema como um todo. Vale frisar que, segundo o Ministério do Meio Ambiente, a implantação da coleta seletiva é obrigação da prefeitura de cada município brasileiro e todas as metas referentes a ela fazem parte do conteúdo mínimo dos planos de gestão integrada de resíduos sólidos das cidades.
Os empresários, por sua vez, são responsáveis por estruturar um sistema eficiente de logística reversa. De acordo com o Sinir (Sistema Nacional de Informações Sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos), esse processo é caracterizado basicamente por possibilitar a coleta de resíduos no setor empresarial a fim de reaproveitá-los ou direcioná-los ao local de descarte mais adequado. A partir de 2015, após um acordo firmado entre o Governo Federal e representantes das organizações e dos catadores de materiais recicláveis, coube ao setor empresarial a responsabilidade de cumprir metas anuais progressivas de reciclagem de todas as embalagens que produz, distribui ou comercializa.
Saiba mais: 15 Perguntas e Respostas sobre Logística Reversa
Segundo passo: Comece pelos resíduos recicláveis secos
A PNRS estabelece que todos os resíduos sejam separados no mínimo em recicláveis secos e rejeitos. Os secos são compostos basicamente por metais, papel e papelão, diferentes tipos de plástico e vidro e têm seu processo de reciclagem melhor difundido e facilitado pelo poder público. Os rejeitos, ao contrário dos primeiros, não podem ser reaproveitados de nenhuma maneira e são representados principalmente pelos resíduos de banheiro, como fraldas descartáveis, absorventes e hastes flexíveis (“cotonetes”).
Saiba quais são os melhores resíduos para reciclar
1. Latinhas de alumínio
Entre os secos, as latinhas de alumínio são as campeãs de reciclagem no Brasil. Em 2016, 98,14% delas foram reaproveitadas no país, enquanto a média mundial é de 75%. Dois anos antes, em 2014, foram vendidas quase 300 mil toneladas de latinhas e outras 289,5 mil foram recicladas. Todo esse sucesso acontece principalmente porque o alumínio pode ser reciclado infinitamente e mantém quase a mesma qualidade do material primário. Além disso, sua coleta e compactação são muito fáceis e a quantidade de latinhas é abundante em todo o território nacional, sem interrupções sazonais.
2. Papel e papelão
No setor de papel e papelão, diferentemente do que acontece nos demais, os fabricantes também acabam atuando como recicladores, integrando um sistema de comércio de aparas já bem estabelecido há tempos. Atualmente, segundo dados de 2016 do SNIF (Sistema Nacional de Informações Florestais), o Brasil aparece entre os maiores recicladores de papéis do mundo, recuperando cerca de 60% daquilo que é consumido internamente. Grande parte deste trabalho de reciclagem ainda é feito informalmente: de acordo com o relatório anual (2013-2014) da ANAP (Associação Nacional dos Aparistas de Papel), as cooperativas e catadores respondem por cerca de 20% do volume entregue aos chamados aparistas.
3. Plásticos
No time dos plásticos, a garrafa PET é o material que mais se destaca. Segundo a Abipet (Associação Brasileira da Indústria do PET), o sistema brasileiro de reciclagem do PET é um dos mais desenvolvidos do mundo e promove uma grande variedade de aplicações para o material reciclado, criando uma demanda constante e garantida. De acordo com o 10º Censo da Reciclagem do PET no Brasil realizado pela associação em 2016, 28,6% das empresas que compõem a indústria recicladora utilizam o PET para produzir resinas insaturadas e alquídicas; 25,7% o transformam em produtos têxteis e novas embalagens; o restante é dividido entre lâminas e chapas, fitas adesivas e outros produtos.
Concluindo, as empresas que não cumprem as exigências da PNRS, relativas às práticas de logística reversa e reciclagem, além de prejudicarem o meio ambiente e a população como um todo, estão sujeitas a autuações por parte do poder público. Como parte importante da sociedade e da economia brasileira, as organizações também são responsáveis por evitar que materiais sejam descartados de maneira incorreta ou transformados em lixo quando poderiam ser reaproveitados ou reutilizados.
Para evitar transtornos, as empresas podem recorrer à certificação ISO 14001, atualizada em 2015. A norma internacional prevê a implantação de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) a fim de planejar ações consistentes, prevenir e controlar impactos significativos sobre a natureza, gerenciar riscos e melhorar o desempenho ambiental e a produtividade, além de monitorar a conformidade das empresas em relação ao cumprimento da lei.
Dessa maneira, espero que o texto tenha lhe auxiliado a entender um pouco mais sobre a reciclagem e o seu procedimento. Quer se aprofundar um pouco mais sobre o assunto? Leia outro artigo do nosso blog e saiba tudo sobre Reciclagem.