Considerado ultrapassado para alguns e uma solução para outros, o aterros sanitário têm sido a maneira mais utilizada para a destinação de resíduos sólidos urbanos em boa parte dos países.
Os aterros sanitários estão em uma escala intermediária de eficiência material, ou seja, são mais eficientes que os antigos lixões, porém muito menos eficientes que a reciclagem completa dos materiais.
Em matéria econômica, estes espaços têm se mostrado a maneira com melhor custo x benefício para a destinação dos resíduos sólidos urbanos. Enviar todos os resíduos para um lixão é muito mais barato, porém as consequências ambientais são gravíssimas para a comunidade e para o meio ambiente.
Contudo, enviar tudo para a reciclagem envolve custos que, muitas vezes, são maiores que o valor final do produto já reciclado. Por isso, com a tecnologia disponível até o momento, o aterro é a opção que melhor concilia custos e redução de impacto ambiental causado pela destinação de resíduos sólidos urbanos.
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1 – O processo de destinação de resíduos sólidos
Quase todas as grandes cidades possuem um ou mais aterros sanitários. Existe uma lei que obriga a todos os municípios do país a adotarem a destinação em aterros e substituir de vez os antigos lixões, contudo, em muitas cidades os aterros ainda não são realidade, sendo que a maior parte dos gestores alega não ter condições financeiras para realizar a mudança da destinação dos resíduos.
Nas cidades que contam com aterros, os resíduos são coletados pelo serviço municipal de limpeza urbana e posteriormente, levados aos aterros. Alguns destes estabelecimentos promovem uma triagem inicial para retirar possíveis sólidos valiosos à reciclagem e o restante vai para as valas de depósito, onde são enterrados em bolsões específicos, os quais servirão para a decomposição do lixo por milhares de anos.
2 – Como funciona um aterro sanitário?
O aterro sanitário é composto basicamente por um bolsão plástico escavado no terreno. Nele o lixo é depositado e coberto com terra. Durante sua decomposição, o lixo libera dois tipos de compostos, os gases de decomposição (especialmente o metano) e o chorume, que é um líquido de coloração escura e cheiro forte, justamente por conter alta carga orgânica.
Os gases de aterro sanitário podem ser canalizados e queimados no próprio estabelecimento, gerando energia em motores à combustão. Esta prática torna muitos aterros não só autossuficientes energeticamente, mas também fornecedores de energia elétrica para a rede.
Já o chorume, acaba sendo um grande problema, pois ainda não há um processo que o transforme em um bem econômico viável e seu descarte é geralmente problemático, uma vez que o material contém alta carga orgânica e não pode ser despejado no solo.
Em geral, os aterros possuem canaletas de captação do chorume, este deverá ser transportado para um local onde possa ser tratado para ter a carga orgânica reduzida. Só a partir desta etapa, ele pode ser despejado na natureza.
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3 – Quais riscos o chorume de aterro oferece?
O chorume é um líquido tóxico, afinal de contas, ele é um resíduo produzido a partir da decomposição do lixo. Caso seja despejado diretamente no solo, o chorume irá escorrer até o lençol freático e contaminar a água que será posteriormente extraída para uso humano.
Caso o chorume fique à céu aberto, ele gerará mau cheiro e liberará gases que, além de provocarem o efeito estufa, acabam atraindo aves carniceiras, moscas e outras espécies que transmitem doenças.
O tratamento inadequado do chorume pode trazer consequências para toda uma comunidade que se encontra ao redor do mesmo ecossistema, partilhando dos mesmos recursos naturais, especialmente da água. Por isso, seu tratamento deve ser prioritário nos aterros.
4 – O chorume deve ser prioridade no aterro sanitário?
A norma ABNT NBR 8419/1992 serviu de base técnica para a lei de regulamentação de aterros sanitários. Ela estabelece que todo projeto de aterro, deverá conter um sistema para captação, drenagem e disposição de líquidos percolados (chorume).
O chorume deve ter tratamento prioritário no aterro, porque uma vez que este material entra em contato com o lençol freático, não há mais como reparar a contaminação e milhões de litros de água serão perdidos.
Nenhum aterro consegue licença para operar, caso esteja com problemas no projeto de drenagem e captação de chorume.
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5 – Por que muitos aterros recorrem à terceirização do tratamento?
O tratamento do chorume não é muito complexo do ponto de vista técnico, mas acaba sendo custoso para a empresa que opera o aterro. Por isso, muitas delas terceirizam esta operação para uma companhia especializada neste tipo de tratamento.
O material deverá ser transportado em caminhões específicos para este tipo de operação e caso a emissão seja muito grande, pode até ser que a empresa tratadora monte uma operação nas dependências da geradora, para reduzir os gastos com transporte.
Para encontrar empresas que tratam chorume e outros materiais orgânicos, o ideal é utilizar uma plataforma específica para isso, como por exemplo, o Mercado de Resíduos, que localiza os tratadores mais próximos ao gerador e com os menores custos possíveis.
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6 – Como ocorre o tratamento biológico do chorume?
O tratamento biológico é o mais utilizado para reduzir a carga orgânica do chorume. Basicamente, o material é confinado em meio aeróbio ou anaeróbio e exposto à decomposição por meio de bactérias que fazem este processo naturalmente.
É exatamente o mesmo processo que ocorreria na natureza, porém ele é industrialmente acelerado, tornando o material normalizado e apto ao descarte em rios e lagos ou à disposição no solo.
Quando decomposto em biodigestores, o chorume, já com a carga orgânica reduzida, pode ser utilizado como fertilizante natural para lavouras, pois é rico em nutrientes.
Os aterros sanitários devem tratar prioritariamente o chorume, uma vez que o risco que estes materiais oferecem ao meio ambiente e a saúde humana é maior que os oferecidos pelos resíduos sólidos.
Ademais, após o processo de tratamento, pode ser que o chorume tenha utilidade para atividades como agricultura e jardinagem, o que na prática, acaba agregando valor a um material inicialmente tóxico.
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