Você sabe a diferença entre classificação e caracterização dos resíduos?
28/09/2020
A caracterização é um processo através do qual se determina a composição química e as propriedades físicas, químicas e biológicas dos resíduos. Já a classificação é um processo que envolve a identificação da atividade que deu origem ao resíduo e de seus constituintes e as características e a comparação destes constituintes com a listagem de resíduos e substâncias cujo impacto à saúde e ao meio ambiente é conhecido. Neste artigo você entenderá melhor sobre essa diferença. Confira!
Muitas empresas têm dificuldade na adequada gestão de resíduos devido a enorme quantidade gerada e a sua composição. A sociedade moderna consome muito mais produtos industrializados do que em décadas passadas.
No passado a maioria dos resíduos eram orgânicos e voltavam para a natureza por meio da decomposição. Ao contrário dos resíduos oriundos da produção de produtos inorgânicos que não se decompõem ou que requerem um tempo muito grande para se degradar, tais como o vidro, plástico, metais, borracha e outros.
Considerando essa dificuldade das empresas e a importância da gestão adequada, é importante compreender a diferença entre classificação e caracterização dos resíduos.
Veja abaixo o que abordaremos neste artigo:
- o que é caracterização dos resíduos
- o que é classificação dos resíduos
- resíduos inertes
- resíduos não inertes
- resíduos classe I – perigosos
- o que é laudo de classificação
- a influência da Polícia Nacional de Resíduos Sólidos
- a importância do plano de gerenciamento de resíduos na caracterização e classificação dos resíduos
- a importância do gerenciamento de resíduos
O que é caracterização dos resíduos?
Antes da destinação final todo resíduo deverá ser processado apropriadamente e a sua caracterização tem papel importante nessa etapa ao determinar os principais aspectos físico-químicos, biológicos, qualitativos e/ou quantitativos da amostra. Estes resultados analíticos auxiliam na classificação do resíduo para a escolha da melhor destinação.
Portanto, a caracterização é um processo que identifica a composição de determinado resíduo, ou seja, a composição química e suas propriedades físicas, químicas e biológicas. Depois de identificado quais os componentes, o material poderá ser destinado adequadamente.
A caracterização deve ser feita por profissionais especializados seguindo os procedimentos de coleta, transporte e análises laboratoriais para que sejam feitos testes específicos.
As análises são baseadas nas NBR 10.004, 10.005 e 10.006, normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas.
Na primeira fase de caracterização é feita a descrição detalhada da origem do resíduo: em qual estado físico se encontra; o seu aspecto; cor; se possui odor; e o grau de heterogeneidade.
Na segunda fase da caracterização o resíduo é denominado com base em: seu estado físico; em qual processo originou-se; de qual atividade industrial pertence; e qual o seu principal constituinte.
Na terceira fase é definida a destinação do resíduo se será em: aterro para resíduo perigoso; aterro sanitário; aterro de resíduo inerte (solubilidade); ou se será destinado para tratamento térmico (Compostagem, Incineração, Co-processamento, etc.).
O que é classificação dos resíduos?
A classificação dos resíduos no Brasil é determinada na NBR 10.004/04 da ABNT, que levam em consideração os riscos potenciais para o meio ambiente e a saúde pública que os resíduos podem causar.
A classificação de resíduos envolve a identificação do processo ou atividade que lhes deu origem, além de seus constituintes e características e a comparação destes constituintes com a listagem de resíduos e substâncias cujo impacto à saúde e ao meio ambiente é conhecido.
Na NBR 1004/04 os resíduos são classificados como:
-
Resíduos Classe I – Perigosos: são aqueles que apresentam periculosidade e características como inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade.
-
Resíduos Classe II A – Não Inertes: São aqueles que não se enquadram nas classificações de resíduos classe I - Perigosos ou de resíduos classe II B – Inertes. Os resíduos classe II A – Não inertes podem ter propriedades, tais como: biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água.
-
Resíduos Classe II B – Inertes: São quaisquer resíduos que, quando amostrados de uma forma representativa e submetidos a um contato dinâmico e estático com água destilada ou deionizada, à temperatura ambiente não tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água, excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor.
Abaixo vamos saber mais sobre os tipos de classificação dos resíduos:
Resíduos Inertes
Os resíduos inertes, ou Classe II B, são um tipo de material que quando em contato com água, não sofrem transformações físicas, químicas ou biológicas, mantendo-se inalterados por um longo período de tempo.
Os resíduos inertes se mostram indiferentes ao contato com a água destilada ou deionizada, quando expostos à temperatura média dos espaços exteriores dos locais onde foram produzidos.
Alguns exemplos de resíduos inertes são os entulhos de demolição, pedras, areia e sucata de ferro. Esses materiais possuem a característica de não se decomporem e sofrerem qualquer alteração em sua composição com o passar do tempo.
Esses resíduos podem ser dispostos em aterros sanitários e até mesmo reciclados. Não poluem porque não alteram o solo e nem as águas, tendo em vista que quando em contato com ambos não são liberadas substâncias que prejudiquem o meio ambiente.
Saiba mais: Tudo que você precisa saber sobre resíduos de Classe IIA e IIB
Resíduos não inertes
Os resíduos não inertes, Classe II A, são os resíduos que não se apresentam como inflamáveis, corrosivos, tóxicos, patogênicos, e nem possuem tendência a sofrer uma reação química.
Os materiais desta classe podem apresentar propriedades biodegradáveis, comburentes ou solúveis em água.
Não podemos afirmar que esses resíduos não apresentam risco ao meio ambiente e a saúde do homem. Pois todo, e qualquer resíduo, quando não destinado de forma correta tem potencial para gerar sérios danos ambientais.
São resíduos com as mais variadas formas, que mesmo não tendo capacidade de destruição ou contaminação, podem sujar o solo, rios e atmosfera. Eles podem ser tratados, e também podem ficar inativos por muito tempo.
Esses resíduos podem ser solúveis em água, mas também podem ser capazes de pegar fogo, tendo capacidade de combustão. Geralmente, tem características semelhantes aos do lixo doméstico.
Alguns exemplos de resíduos classificados como classe IIA.
- restos orgânicos da indústria alimentícia (restos de alimentos);
- restos de madeira;
- materiais têxteis;
- fibras de vidro;
- lodo vindo de filtros;
- limalha de ferro;
- lama proveniente de sistemas de tratamento de água;
- poliuretano (presente em espumas, adesivos, preservativos, vedações, carpetes, tintas e mais);
- gessos;
- lixas;
- discos de corte;
- Equipamentos de Proteção Individual, desde que não contaminado (inclui uniformes e botas de borracha, prensas, vidros e outros).
Resíduos Classe I – Perigosos
Os resíduos considerados perigosos são aqueles que têm características que podem colocar em risco as pessoas que os manipulam ou que tem contato com o resíduo perigoso.
Para um resíduo ser considerado perigoso, esses devem apresentar pelo menos uma das características a seguir: inflamabilidade, corrosividade, toxicidade, reatividade e/ou patogenicidade.
A NBR 10004/04 aponta critérios específicos para o profissional capacitado classifique e avalie cada propriedade dos resíduos, de maneira que, se enquadrados como perigosos, sejam tomadas as devidas providencias para ter mais cuidado com o transporte e a correta destinação desses materiais.
São considerados resíduos perigosos:
- restos de tinta (são inflamáveis, podem ser tóxicas);
- material hospitalar (são patogênicos);
- produtos químicos (podem ser tóxicos, reativos ou corrosivos);
- produtos radioativos;
- lâmpadas fluorescentes;
- pilhas e baterias (têm vários metais em sua composição que podem ser corrosivos, reativos e tóxicos dependendo do ambiente).
O que é laudo de classificação?
O laudo de classificação de resíduos é um documento comprobatório do enquadramento do resíduo em umas das classes da norma NBR 10004/04.
Deve constar no laudo de classificação a indicação da origem do resíduo, descrição do processo de segregação e descrição do critério adotado na escolha de parâmetros analisados, quando for o caso, incluindo os laudos de análises laboratoriais. O laudo de classificação pode ser elaborado:
baseado somente na identificação do processo produtivo; ou através da análise laboratorial de uma amostra do resíduo em um laboratório licenciado.
Outros métodos analíticos podem ser exigidos pelos Órgãos de Controle Ambiental, dependendo do tipo e complexidade do resíduo, com a finalidade de estabelecer seu potencial de risco à saúde humana e ao meio ambiente.
Os laudos devem ser elaborados por responsáveis técnicos habilitados, para que seja feito o correto procedimento de classificação e enquadramento dentro das classes: I – Perigosos e II – Não inertes.
A influência da Política Nacional de Resíduos Sólidos
Promulgada em 2010 a lei Federal 12.305, a Política Nacional de Resíduos Sólidos é um marco para a gestão de resíduo no Brasil. A PNRS trata do adequado gerenciamento de resíduos, dispondo sobre os princípios, objetivos e os instrumentos. Além disso, a lei determina as responsabilidades dos geradores e do poder público, e os instrumentos econômicos aplicáveis.
A Política Nacional de Resíduo classifica os resíduos quanto à origem:
Resíduos sólidos urbanos: são originários de atividades domésticas em residências urbanas e resíduos de limpeza urbana (varrição, limpeza de logradouros e vias públicas e outros serviços de limpeza urbana).
Resíduos industriais: gerados nos processos produtivos e instalações industriais.
Resíduos de serviços de saúde: gerados nos serviços de saúde. Importante ressaltar que os resíduos gerados em ambulatórios ou área de atendimento médico nas dependências da indústria devem ser tratados como Resíduos de Serviços de Saúde.
Resíduos da construção civil: gerados nas construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil.
Resíduos de serviços de transportes: são resíduos gerados em portos, aeroportos, terminais alfandegários, rodoviários e ferroviários e passagens de fronteira.
Resíduos de mineração: gerados na atividade de pesquisa, extração ou beneficiamento de minérios.
A PNRS determina à obrigação dos geradores em dá a destinação final ambiental correta dos resíduos classificados acima. E, portanto, conhecer as características desses resíduos, através da classificação e caracterização, é essencial para escolher qual a melhor opção de destinação.
A importância do Plano de Gerenciamento de Resíduos na caracterização e classificação dos resíduos
O PGRS (Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos) é um documento que identifica o tipo e a quantidade de resíduos sólidos gerados e quais as práticas ambientalmente corretas adotadas pelas empresas para a segregação, coleta, armazenamento, transporte, reciclagem, destinação e disposição final.
Para elaborar o PGRS é necessário identificar a origem, o volume e a característica dos resíduos para a destinação ambientalmente correta.
Logo, a caracterização e classificação dos resíduos baseados nos laudos de análise química, segundo a NBR 10.004 são necessárias para a elaboração do PGRS.
Nesta etapa as empresas devem classificar, quantificar, indicar formas para a correta identificação e segregação na origem, dos resíduos gerados por área/unidade/setor da empresa.
A importância do gerenciamento de resíduos
O gerenciamento dos resíduos deve ser conduzido de forma adequada. A aplicação de boas práticas na coleta, no armazenamento, no transporte evitam perdas na qualidade possibilitando que as empresas possam destinar adequadamente o resíduo.
A caracterização e classificação do resíduo adequada é o primeiro passo para que as empresas contribuam para um meio ambiente saudável. A sua empresa realiza o gerenciamento de forma adequada? Há dúvidas?
O software especializado em gestão de resíduos da VG Resíduos permite que as empresas gerenciem e reduzam seus resíduos, garantam conformidade ambiental e aprimorem seu desempenho ambiental. O sistema, através de um mecanismo automático, gerencia o ciclo de vida dos resíduos, desde a sua geração, armazenamento, transporte, até chegar à sua disposição final.
O VG Resíduos permite:
o controle total de todos os processos de gestão de resíduos a agilidade na emissão dos documentos a redução de custos a segurança dos dados o controle de documentos
Somente através da gestão automatizada, a sua empresa conseguirá ter informações necessárias quanto aos resíduos gerados para fazer a caracterização e classificação dos seus resíduos.
Sendo assim, concluímos que a caracterização é um processo através do qual se determina a composição química e as propriedades físicas, químicas e biológicas dos resíduos. Já a classificação é um processo que envolve a identificação da atividade que deu origem ao resíduo e de seus constituintes e as características e a comparação destes constituintes com a listagem de resíduos e substâncias cujo impacto à saúde e ao meio ambiente é conhecido.
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