Custo x Benefício: Resíduos Indicados para coprocessamento
19/12/2017
O coprocessamento cresce ano após ano no Brasil. É importante entender melhor o custo x benefício do emprego dessa técnica
Quando se pensa em soluções para o problema dos resíduos, a primeira palavra que sempre vem à cabeça é reciclagem. De fato, dar utilização à um material que seria descartado é vantajoso tanto no ponto de vista ambiental quando no ponto de vista econômico.
Contudo, nem sempre é possível reciclar. Há materiais para os quais ainda não se desenvolveu tecnologia que torne viável a reutilização, além do mais, mesmo materiais recicláveis possuem uma determinada vida útil, chega um momento em que não é mais possível reciclar aquele resíduo e ele deve ser direcionado à uma destinação final.
Uma das formas de destinação mais crescentes nos últimos anos é o coprocessamento, neste artigo abordaremos este tema sob as óticas técnica e econômica.
O que é coprocessamento?
Coprocessamento é basicamente a destinação de resíduos para substituição parcial da matéria prima ou combustível usado em algum tipo de processamento industrial.
A resolução da CONAMA número 264/1999 define coprocessamento como sendo a técnica de substituição parcial da matéria prima e combustíveis por resíduos sólidos industriais no processo de obtenção do cimento.
A fração orgânica dos resíduos é queimada e como combustível e a fração inorgânica transforma-se em material inerte e é incorporada pelo clínquer, que é a matéria prima do cimento. Assim não sobra resíduo algum no fim do processo.
Quais industrias utilizam coprocessamento?
O coprocessamento é utilizado principalmente pela indústria cimenteira, que utiliza fornos de alimentação contínua funcionando em temperatura alta o suficiente para destruir completamente os resíduos utilizados.
Contudo há outras indústrias que possuem processos semelhantes, nos quais também é possível de utilizar resíduos no processo de queima. Um exemplo é a indústria de carvão, que pode usar diversos resíduos em seus fornos. Também há relatos de ocorrência do coprocessamento em fornos de siderúrgicas.
O fator fundamental para a adoção do coprocessamento é a possibilidade de o resíduo ser usado como combustível sem prejudicar as características do produto final.
Existe regulamentação para o coprocessamento de Resíduos?
A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) disposta pela Lei 12.305/10 institui as bases para tratamento dos resíduos e aborda o coprocessamento como uma das possíveis formas de destinação.
Contudo a lei que cita especificamente o coprocessamento ainda é a resolução 264/99 publicada pela CONAMA.
O coprocessamento deve seguir regras específicas para recepção e destinação dos resíduos, uma vez que deve se evitar a queima incorreta, que pode resultar na liberação de gases tóxicos e prejudiciais à saúde humana.
Quais as vantagens do coprocessamento?
São muitas as vantagens, tanto para quem destina, quando para quem utiliza o resíduo. As vantagens são técnicas, econômicas e ambientais.
Imagine a problema de uma loja de pneus que troca centenas de peças diariamente e no fim do expediente observa uma pilha imensa de pneus velhos, até algum tempo atrás não havia o que se fazer com eles e muitos acabavam nas ruas se transformando em criadouros de mosquitos e levando séculos para se decompor.
A Política Nacional de Resíduos Sólidos fez com que os resíduos das empresas se tornassem passivos ambientais para elas, assim no caso dos pneus, a loja poderia ser responsabilizada judicialmente caso seus resíduos causassem algum dano ambiental.
O coprocessamento resolve este problema, pois destrói completamente o resíduo, eliminando assim o passivo ambiental para o gerador.
Outra vantagem observada é a econômica, pois a demanda por resíduos usados em processos de coprocessamento faz aumentar o valor destes materiais, tornando-os outra fonte de receitas para a empresa geradora. Do lado do comprador dos resíduos também há uma vantagem econômica, uma vez que ele dificilmente aceitará pagar pelos materiais descartados, o mesmo preço que pagaria pelo combustível tradicional, então o a obtenção de matéria prima ficará mais em conta, melhorando assim o resultado econômico operacional da indústria.
Para o meio ambiente, o coprocessamento é extremamente positivo, pois ele elimina anualmente milhões de toneladas de resíduos que poluiriam rios, florestas e oceanos.
Quais são as desvantagens?
Muitas vezes algumas indústrias praticam o coprocessamento apenas para cumprimento de algum requisito ambiental, deixando de lado a vantagem econômica. O que não é bom para elas no longo prazo.
Outra desvantagem é que a queima dos resíduos produz CO2 e em alguns casos, outros gases causadores do efeito estufa. Obviamente, a queima controlada em fornos de alta temperatura produzirá muito menos gases poluentes que uma queima amadora, mas a emissão dos gases é um fator a ser pesado na balança ambiental.
Coprocessamento é lucrativo?
Na maior parte dos casos, o coprocessamento compensa sim, pois reduz custos para a grande indústria e gera receitas para os geradores.
O coprocessamento não compensa quando a fonte geradora está muito longe da tratadora, fazendo com que o custo de frete torne economicamente inviável a compra do resíduo.
Como encontrar empresas que realizam coprocessamento?
Este é um dos principais problemas das pequenas empresas que geram resíduos que podem ser direcionados para o coprocessamento, pois fazer negócios com grandes indústrias não é fácil quando não se tem uma quantidade considerável de material.
Pensando nisso, a equipe do VG Resíduos lançou o Mercado de Resíduos, que é uma plataforma online pela qual é possível que tratadores encontrem geradores e vice-versa.
O Mercado de Resíduos funciona como um Leilão, através do qual uma empresa publica um pedido de compra ou venda e as demais empresas dentro de um raio de distância podem fazer ofertas por aquele material. O sistema seleciona a melhor oferta e a informa ao ofertante, ligando assim geradores a tratadores de resíduos de forma simples e rápida.
Outra vantagem do sistema é a possibilidade de selecionar apenas empresas que possuem as licenças para tratar cada tipo de resíduo, eliminando assim o passivo ambiental para o gerador.
Quais são os resíduos indicados para o coprocessamento?
Os principais resíduos enviados para coprocessamento são pneus, borrachas, polímeros, e resíduos industriais em geral.
Conclusão
O coprocessamento é em geral, uma ótima opção para a destinação de resíduos que já não possuem mais a possibilidade de serem reciclados. O custo x benefício da utilização do coprocessamento quase sempre compensa muito, tanto para quem vende, quanto para quem compra. Mas sobretudo, para o meio ambiente.