Co-processamento de resíduos: menos impacto ambiental e mais lucros

14/01/2021

A redução do impacto ambiental com co-processamento de resíduos é uma alternativa interessante e valiosa para empresas. Do ponto de vista econômico o co-processamento gera redução dos gastos financeiros com a destinação de resíduos e ganho econômico com a venda dos mesmos como matéria prima para outras indústrias. Dos pontos de vista ambiental e da saúde humana reduzem os impactos com os problemas da geração e acúmulo de resíduos. Neste artigo explicaremos melhor sobre essa técnica de reutilização dos resíduos. Confira!

Solucionar o problema da geração e acúmulo de resíduos é um dos principais desafios da sociedade moderna. Por muito tempo acreditou-se que o crescimento econômico era diretamente proporcional à produção de resíduos e à degradação do meio ambiente. Somente depois da criação de um Sistema de Gestão Ambiental, integrada as atividades produtivas, foi possível visualizar um futuro promissor e equilibrado.

Com o Sistema de Gestão Ambiental, a conservação do meio ambiente e a produtividade econômica passam a ser totalmente compatíveis. Hoje muitas empresas já despertaram para o futuro, e já começam a colher os frutos de práticas conscientes.

Como falaremos a seguir, esses frutos vão além da valorização da imagem da empresa. Práticas como o co-processamento de resíduos podem também ser muito lucrativas quando integradas ao Mercado de Resíduos.

Veja abaixo o que abordaremos neste artigo:

O que é co-processamento?

O co-processamento é o processo de queima de resíduos sólidos industriais que seriam descartados em aterros sanitários para a fabricação de produtos que requerem altas temperaturas em seus processos produtivos. Isso ocorre principalmente com as indústrias de cimento.

A resolução que regulamenta o licenciamento da atividade de coprocessamento de resíduos em fornos rotativos de produção de clínquer é a Conama nº 499/2020. A resolução define co-processamento como sendo uma técnica de destinação final ambientalmente adequada que envolve o processamento de resíduos sólidos como substituto parcial de matéria-prima e/ou de combustível no sistema forno de produção de clínquer, na fabricação de cimento.

Outra resolução que dispõe sobre procedimentos e critérios para o funcionamento de sistemas de tratamento térmico de resíduos, entre eles o co-processamento, é a Resolução CONAMA nº 316/2002.

Resumidamente, podemos dizer que o co-processamento é o processo de destruição de resíduos na fabricação de produtos que requerem altas temperaturas na sua fabricação. Na indústria cimenteira é uma tecnologia de queima de resíduos provenientes de diversas indústrias em fornos que transformam argila e calcário em clínquer.

Em alguns casos, em que a queima do resíduo é utilizado apenas para geração de energia o termo correto é coincineração.

Co-processamento na indústria cimenteira

O co-processamento é o processo de destruição de resíduos na fabricação de cimento. No co-processamento as chamas que aquecem os fornos da fábrica de cimento são alimentadas por resíduos sólidos. Assim, os resíduos industriais podem substituir parcialmente o combustível para esses fornos.

A parte orgânica dos resíduos é destruída termicamente, no processo de combustão. Os fornos, que transformam o calcário e a argila em clínquer (matéria prima do cimento), podem ser alimentados por resíduos da própria empresa ou de empresas parceiras.

A parte inorgânica dos resíduos é inertizada e integra os elementos já existentes na matéria prima do cimento.

Desta forma, no final do co-processamento, não existe quaisquer resíduos. Consequentemente, os riscos de passivos ambientais são eliminados. Com esta prática, tanto a empresa que produz os resíduos, como as empresas de cimento são beneficiadas.

A alta temperatura da chama, o tempo de residência e as características físicas dos fornos utilizados na indústria de cimento são superiores até aos padrões exigidos para a destruição ambientalmente segura de resíduos perigosos.

Além dessas vantagens técnicas, os fornos de cimento têm capacidade para destruir, de forma segura, grande volume de resíduos.

A utilização de resíduos, para a combustão dos fornos, não altera em nada a qualidade do cimento produzido. E esta é uma prática totalmente segura para o ambiente e para os trabalhadores da empresa, e para a comunidade em geral.

No Brasil, essa técnica de tratamento dos resíduos teve início no começo da década de 1990, nas cimenteiras de Cantagalo, do estado do Rio de Janeiro. Em resposta à crise desencadeada pela recessão da economia brasileira no final da década de 1980.

Co-processamento impulsionado pela Política Nacional de Resíduos Sólidos

A Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/10) trouxe uma responsabilidade compartilhada sobre a destinação e disposição final dos resíduos sólidos. O poder público passou a ser responsabilizado pela destinação do resíduo doméstico, enquanto cada um dos gerados de resíduos passaram a ser responsáveis para adequado tratamento, disposição ou destinação final de seus resíduos.

Desta forma, as indústrias, que geram grandes quantidades de resíduos, passaram a buscar alternativas viáveis para as novas adequações à legislação vigente. Entre as alternativas encontradas, destacamos o co-processamento de resíduos como uma solução inteligente e rentável.

Por meio do co-processamento as empresas podem simplesmente zerar a necessidade de aterros e ainda lucrar com essa prática.

Muitas empresas, especialmente aquelas que contam com a certificação ISO 14001, têm optado por essa alternativa. Devido à vantagem de eliminar passivos ambientais dos resíduos produzidos.

Os resíduos de sua empresa podem ser utilizados no co-processamento?

O tipo de resíduos utilizados no co-processamento é bastante variado. Em geral são utilizados resíduos que pode servir de substitutos para a matéria-prima do cimento, substitutivos de combustível, resíduos inorgânicos para inertização e resíduos orgânicos para destruições térmicas. Até mesmo alguns resíduos perigosos pode ser utilizados no co-processamento.

Entre os resíduos perigosos mais usados no co-processamento estão: as borras oleosas e as de tinta; solventes, resíduos orgânicos não clorados; lodos de estação de tratamento e efluentes; solos, areias; e diversos materiais contaminados com hidrocarbonetos (desde que não tenham contaminação com agrotóxicos ou organoclorados).

Hoje, o principal resíduo utilizado no Brasil, para o co-processamento, são os pneus inservíveis. Este tipo de iniciativa não apenas resolve problemas ambientais como problemas de saúde pública, como auxílio ao combate à dengue.

Os resíduos sólidos que não podem ser co-processados são os resíduos em que as condições do processo não assegurem o atendimento às exigências técnicas e aos parâmetros fixados na resolução Conama nº 499/2020, comprovados a partir dos resultados práticos do Plano do Teste de Queima.

Quais os Benefícios do Co-processamento?

No processo de co-processamento é possível lucrar com resíduos. As empresas podem lucrar com venda de resíduos ou com a compra de matéria prima/combustível com baixo custo.

A destinação do resíduo para o co-processamento é segura e corresponde a todas as exigências legais. Além disso, é uma solução definitiva para os resíduos, uma fez que os resíduos são destruídos e/ou incorporados com matéria prima na fabricação do cimento. Como a eliminação dos resíduos é total, não existem quaisquer riscos com passivos ambientais.

Outra vantagem é a diminuição da emissão de particulados, SOx e NOx para a atmosfera. Além, é claro, de reduzir as pressões sobre os recursos naturais não renováveis.

Por mais que a destinação em aterros especializados seja uma opção legalmente aceita, a destinação ao co-processamento é uma destinação mais nobre.

Aproveitar os resíduos para outras atividades é, sem dúvida, um destino mais inteligente e que colabora para a ampliação da consciência de Políticas Socioambientalmente Sustentáveis.

Sistema de Gestão Ambiental e a Gestão de Resíduos Sólidos

Sistema de gestão ambiental é utilizado por empresas que buscam gerenciar suas responsabilidades ambientais de maneira sistemática.

Uma das melhores maneiras ter controle sobre a geração de resíduos, em todos os processos da cadeia produtiva, é seguir as normas de Gestão de Qualidade/ISO 9001, de Gestão Ambiental/ISO 14000 e a utilização da tecnologia.

Na nova versão ISO 14001, houve a ampliação dos controles e influência da organização desde o desenvolvimento e fabricação do produto utilizado até o tratamento, disposição ou destinação final.

Quando a disposição final for o co-processamento, além das normas da ISO 14001, existem algumas leis que devem ser observadas:

Como encontrar empresas que realizam coprocessamento?

Uns dos principais problemas das pequenas empresas que geram resíduos que podem ser direcionados para o coprocessamento é fazer negócios com grandes indústrias. Não é fácil quando não se tem uma quantidade considerável de material.

Pensando nisso, a equipe da VG Resíduos lançou o Mercado de Resíduos, que é uma plataforma online pela qual é possível que tratadores encontrem geradores e vice-versa.

O Mercado de Resíduos funciona como um Leilão, através do qual uma empresa publica um pedido de compra ou venda e as demais empresas dentro de um raio de distância podem fazer ofertas por aquele material. O sistema seleciona a melhor oferta e a informa ao ofertante, ligando assim geradores a tratadores de resíduos de forma simples e rápida.

Outra vantagem do sistema é a possibilidade de selecionar apenas empresas que possuem as licenças para tratar cada tipo de resíduo, eliminando assim o passivo ambiental para o gerador.

Solucionar o problema da geração e acúmulo de resíduos é um dos principais desafios da sociedade moderna. Por isso a redução do impacto ambiental com o co-processamento de resíduos é a técnica mais viável para empresas.

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